O novo perfil do consumidor de perfume durante a pandemia

O novo perfil do consumidor de perfume durante a pandemia

Ultimamente tenho participado de diversas reuniões em que as principais discussões giram em torno dos

efeitos da pandemia no mundo das fragrâncias, em particular da perfumaria fina. Quais são as novas

motivações e expectativas dos consumidores e como serão os consumidores do futuro que, ao invés de

geração x, y ou z, poderíamos chamar de “geração pandemia”? Quais mudanças podem ser consideradas

temporárias e quais devemos considerar definitivas? O que fazer para descobrir as novas tendências e

como atender esse novo mercado?

A primeira sensação é que nos encontramos diante de um grande dilema, uma vez que pouco sabemos a

respeito dessa doença e o que mais nos causa temor são as coisas desconhecidas, daí surgem mitos: por

exemplo, o uso de máscaras será eterno, atrapalhando o nosso desempenho olfativo; por causa disso, o

hábito de perfumar-se irá acabar; a partir daí, os caminhos da indústria de fragrâncias serão estreitados...!

Bem, mesmo antes da pandemia, o mercado de perfumes já trabalhava em uma pauta inovadora que

pode ser perfeitamente adequada ao futuro, apesar de possíveis circunstâncias endêmicas ou mudanças

disruptivas provocadas por outras causas. Eu destacaria dois desses caminhos que podem ser trilhados

simultaneamente: a) o caminho da neurociência que, a partir da utilização de biometrologia em pesquisas

mercadológicas, aprofunda significativamente o conhecimento das reações naturais de um indivíduo

diante de um estímulo olfativo, daí o processo criativo de desenvolvimento de fragrâncias estará cada vez

melhor alicerçado para atender as demandas mais exigentes; b) o caminho da inteligência artificial que

pode promover um elevado grau de personalização no atendimento das demandas dos consumidores

através do processamento de uma infinidade de dados.

Claro está que esse mercado deve ainda atentar para o desenvolvimento tecnológico que permitirá um

maior domínio sobre o desempenho de um perfume utilizando, por exemplo, micro e nanocápsulas para

liberação controlada dos constituintes de uma fragrância; novos processos logísticos; e, o mais

importante, os perfume terão um maior significado terapêutico intrapessoal e interpessoal, além de

representar um processo sofisticado de comunicação,.

Em resumo, o novo perfil do consumidor de perfume – durante e também depois da pandemia – estará

suportado por quatro pilares que farão parte do processo de desenvolvimento e conscientização do

mercado, que a indústria correspondente certamente está habilitada a atender: o primeiro pilar é o da

personalização – em alguns casos, da individualização – em que o usuário de perfume irá priorizar a

fragrância que melhor se harmoniza com a sua personalidade; o segundo pilar está ligado a um maior

discernimento em relação às ocasiões de uso, ou seja, o seu perfume pessoal que, além do seu bem-estar,

respeita o ambiente e o momento; o terceiro pilar diz respeito às intenções do usuário que estão na base

do que ele quer comunicar utilizando um determinado perfume; e, finalmente, o quarto pilar

corresponde à questão da saúde, nesse campo ganharão cada vez mais importância os aspectos

regulatórios e também os aspectos da aromaterapia.

Quanto ao olfato, bem, a pandemia vai passar e voltaremos a expor e utilizar mais e melhor o nosso órgão

nasal. Saberemos melhor onde temos o nariz, seremos vistos torcendo o nariz, dando com o nariz na

porta, metendo o nariz em diversos assuntos, mas, acima de tudo, desfrutando do mais interior dos

sentidos!

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