Racco: foco no mercado

Depois de avançar com um forte processo de reorganização administrativa, que reviu os modelos e processos de gestão, a racco recalibra o seu foco para o crescimento 


R$ 400 milhões, R$ 500 milhões, R$ 1 bilhão... Tentar descobrir qual o verdadeiro faturamento da fabricante paranaense de cosméticos Racco é algo que movimenta os profissionais do mercado de beleza já faz alguns anos, desde que a companhia, fundada em 1987 pelos empresário Luiz Felipe (foto) e Gisele Rauen, adentrou ao rol das maiores empresas brasileiras de beleza, com uma unidade fabril de 25 mil m2 e um centro de distribuição (na foto abaixo) com 11 mil m2 de área.

Operando no modelo de venda direta multinível, a Racco arregimentou um exército de cerca de 500 mil consultoras, atendidas por dois mil distribuidores espalhados por todo o Brasil, o que faz da companhia a terceira maior empresa de venda diretas do mercado de beleza por número de consultoras. Os números impressionam. Mas ao menos nesse particular, ele é o mesmo de dois anos atrás.

Em um movimento estratégico, nos últimos dois anos, a Racco desviou um pouco o foco de suas atenções do mercado e passou a olhar mais para dentro da empresa. “Vivemos um momento de reestruturação administrativa. Todos os nossos processos estão sendo alterados. Estamos melhorando toda a nossa administração”, explica Luiz Felipe Rauen. O processo envolve da troca do sistema de gestão da empresa, que está sendo migrado do antigo sistema para um novo software da fabricante brasileira Totvs, até o final deste ano, até a contratação de novos profissionais e de consultorias que estão dando o suporte para o trabalho.
Com a reestruturação o executivo Luis Alberto de Castro Vila, que acumula passagens em empresas como O Boticário e a montadora sueca Volvo, foi convidado para ser o novo CEO da empresa e contribuir para o sucesso das mudanças empreendidas pela empresa. A chegada de Castro Vila, que já tinha prestado consultoria para a Racco no passado, marca também o início de uma nova fase para a empresa, com a implementação do processo de governança corporativa, um plano de sucessão e profissionalização e a formação de um conselho que reúne os membros da família Rauen. “A Racco nasceu como uma empresa familiar e nós detemos 100% das ações. Mas estamos nos organizando para que a empresa seja perene”, conta o empresário. Mesmo com assento no conselho, as filhas dos fundadores mantém suas funções executivas de gerência.

Um dos setores mais críticos para as empresas de venda direta, a logística, foi também uma das mais beneficiadas pelo projeto de reestruturação. A maior parte das entregas dos produtos da Racco para as consumidoras é realizada por meio dos distribuidores e sua equipe de consultoras, o que faz com que o processo seja mais simples. “O distribuidor trabalha com estoque, e entrega direto sem perder tempo”, diz Luiz Felipe, mas ele lembra que se a consumidora quiser que os produtos cheguem diretamente para ela, a Racco também faz essa entrega, hoje uma opção escolhida por um terço das clientes.

Multicanal?
Um aspecto muito debatido pelas empresas de venda direta nos dias de hoje, diz respeito a abertura de pontos de vendas físicos e a expansão das vendas pela internet. Mais do que a necessidade de investimentos ou gestões específicas, a questão envolve um ponto nevrálgico da operação: o relacionamento e a remuneração com as consultoras. Mas, para a Racco, isso não é um problema, ao menos nesse momento. “A Racco não tem previsão de abrir novos canais. Podemos até entrar no e-commerce, mas não é algo para agora”, diz Luiz Felipe, que complementa: “no caso de canal tradicional, nós temos certeza de que não vamos entrar”.

Apesar de não operar formalmente nenhuma loja, a Racco conta com quase mil centros de operações, administrados pelos próprios distribuidores. “A loja conceito são as nossas distribuidoras, os centros de operações. Ali o cliente pode ver e sentir o produto, experimentar, pode comprar e ter o treinamento”.
Mas, de um jeito ou de outro, a empresa vai estar sim em mais de um canal de distribuição. Ao assumir a operação da marca de maquiagem francesa Bourjois no Brasil, a Racco, além de agregar os itens da marca ao seu catálogo, ficou responsável pelo atendimento aos varejistas que já vendiam a marca, além do e-commerce.

A adição da linha Bourjois foi uma oportuidade de agregar ao portfólio da empresa uma marca de maquiagem premium importada. Os sku´s da marca francesa vão se somar às três linhas de maquiagem que a Racco já mantinha no catálogo. Com isso, a expectativa é que o crescimento das vendas dessa categoria, que já vinham em um ritmo “violento”, acelerem ainda mais.

Se em maquiagem, o crescimento da Racco tem sido vertiginoso, a área de cuidados com a pele, particularmente os produtos de tratamento, são importantíssimos na sustentação do negócio. A Racco tem uma imagem muito forte nessa linha de tratamento junto ás consumidoras. E a perfumaria é a área mais importante em termos de faturamento”, explica. Mesmo que muito satisfeitos com o acordo com a Bourjois, os donos da empresa paranaense não têm planos para acordos semelhantes no momento.

Com a reestruturação quase no fim, a Racco deve naturalmente, voltar o seu foco para o mercado. A expectativa da empresa é crescer em torno de 15% em 2013. Com um portfólio de 450 sku´s, a previsão é de que a Racco encerre o ano com algo entre 80 e 90 novos sku´s em linha, fazendo a rotação do portfólio e sem ir muito além do volume atual de itens ofertados. “Não vamos ampliar o nosso catálogo para 500 produtos, porque as distribuidoras têm um limite de capacidade de estoque”.

Mas, afinal, qual é o real faturamento da Racco? “Os números que saem na imprensa são estimativas feitas pelas pessoas com base no porte da empresa, no número de consultoras... Mas são estimativas. Só informo o meu faturamento para a Receita Federal. E mesmo assim porque sou obrigado”, brinca Luiz Felipe Rauen.
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