Vendas da gigante francesa caem 4,8% nos três primeiros meses de 2020. Negócios no e-commerce crescem mais de 50%
Na
medida em que os grandes grupos globais começam a apresentar seus
balanços para o primeiro trimestre, o impacto da pandemia do coronavírus
mostra o quanto o mercado de beleza está sendo afetado em todo o mundo.
Acostumada
a apresentar crescimento acima da média do mercado trimestre após
trimestre, a gigante francesa L'Oréal, maior empresa de beleza do mundo,
viu suas vendas caírem 4,8% em relação ao mesmo período de 2019, para
7,22 bilhões de euros. Apesar de negativo, o CEO da empresa, Jean Paul
Agon, destaca que mesmo em meio a dificuldades, a empresa seguiu
superando o mercado de beleza, que teria apresentado uma queda de 8% no
primeiro trimestre de 2020. O comércio eletrônico, um dos principais
impulsionadores do crescimento
da L'Oréal, cresceu 52,6%, e agora já soma quase 20% das
vendas. Segundo Agon, a crise atual levou a uma forte aceleração da
transformação
digital em que a L'Oréal está particularmente bem posicionada.
"Em
um ambiente que está evoluindo todos os dias, as medidas de bloqueio
continuarão claramente tendo um impacto significativo no consumo de
produtos para a pele e produtos de beleza e, consequentemente, em nossos
negócios no segundo trimestre", aponta Agon, que diz estar esperançoso
de que, como vem demonstrando China - onde segundo ele já se vê uma
recuperação encorajadora no consumo de produtos de beleza - a situação
atual não põe em cheque o forte apetite dos consumidores por
produtos de beleza. "O mercado deve se recuperar
rapidamente assim que as medidas de fechamento dos pontos de venda forem
levantadas", acredita. Falando em China, mesmo com a economia chinesa
apresentando uma queda de 6,8% no seu PIB dos primeiros três meses do
ano, as vendas da L'Oréal no gigante asiático apresentaram crescimento
de 6,4%, puxado por um salto de 67% nas vendas por e-commerce no país.
Na
América Latina, as vendas caíram de 422,3 milhões de euros em 2019 para
394,8 milhões nos primeiros três meses do ano, crescimento de 0,8% em
bases comparáveis, mas uma queda de 6,5% quando levado em conta a
variação cambial do período. A L'Oréal disse ter visto um crescimento de
dois dígitos nos dois primeiros meses do ano, seguido por uma
desaceleração acentuada em março. No trimeste, Brasil, Chile e Uruguai
apresentaram resultados positivos, enquanto Colômbia e Perú foram
fortemente impactado pelo fechamento de lojas especializadas. O
e-commerce também avançou na região, com 45% de crescimento no período.
As divisões de Luxo e Produtos Profissionais foram as mais impactadas.
A
divisão de Produtos Profissionais registrou queda de 10,5% em bases
comparáveis no primeiro trimestre do ano, com queda abrupta nas vendas
em março, com o fechamento progressivo de salões de
beleza, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. A marca Kérastase
registrou crescimento, graças ao lançamento de sua
nova linha de produtos anti-queda Genesis e à recuperação de
negócios na Zona da Ásia, especialmente na China.
Já
a L'Oréal Luxo fechou o trimestre com 9,3% menos vendas em bases
comparáveis. Ainda assim, a L'Oréal diz estar com uma performance
superior a média do mercado de luxo, que teria sofrido uma retração de
16%. O fechamento da maioria dos pontos de venda físicos e de
aeroportos em todos os principais mercados da divisão: o travel retail e
norte da Ásia em fevereiro, a América do Norte e Europa ocidental à
partir de março. Se essa parte do negócio diminuiu acentuadamente, o
e-commerce foi muito dinâmico, com crescimento de 57% no período. A
categoria de maquiagem foi a mais afetada pela crise, enquanto skincare e
fragrâncias têm se mostrando mais resistentes, refletindo a demanda do
consumidor por produtos relacionados ao bem-estar e aos cuidados
pessoais. em todo o seu ecossistema digital.
A
categoria de maquiagem também foi a que mais sofreu na divisão de
Produtos de Grande Público, com as marcas Maybelline e NYX em passos
lentos. Por outro lado, como os supermercados e farmácias - principais
canais de distribuição da divisão - continuam abertos, a divisão sofreu
menos do que outras. A queda no primeiro trimestre foi de 3,6% em bases
comparáveis. Os produtos para pele do rosto também viram as vendas
arrefecer, enquanto os itens de limpeza facial, higiene, cuidados com os
cabelos e, sobretudo, coloração capilar estão acelerando, beneficiando
os números de Garnier, particularmente nas últimas semanas de março nos
países ocidentais. Na América Latina, Brasil e Chile apresentaram
crescimento para o negócio que tem em L'Oréal Paris sua principal marca.
A
única divisão que viu crescimento no período foi a de Cosmética Ativa,
que tem toda a sua distribuição baseada no canal farma e conta com um
portfólio de produtos que se adapta a demanda por produtos com apelo de
saúde. O desempenho foi 13,2% acima do obtido no primeiro trimestre de
2019, em bases comparáveis. A divisão destaca que suas marcas
dermatológicas, particularmente CeraVe e La Roche-Posay, estão bem
posicionadas para atender às expectativas dos consumidores em relação à
saúde e a higiene diária.