Falta sinergia nos negócios de beleza da P&G?

Para analista da Euromonitor, esse é um dos motivos da empresa crescer menos do que suas concorrentes diretas


A vida não anda fácil para os executivos da P&G maior empresa da bens de consumo do mundo e vice-líder no mercado de higiene pessoal e cosméticos. E isso é uma verdade ainda maior para os executivos que atuam no segmento de beleza da gigante. Os números da empresa nos últimos trimestres não têm sido dos mais animadores. E para complicar a situação, a empresa está crescendo menos do que os seus principais concorrentes, notadamente a L´Oréal e a Unilever, respectivamente primeira e terceira colocadas no ranking.

É verdade que alguns anos atrás a situação era inversa, com a P&G se destacando como uma empresa inovadora e de alto crescimento, enquanto a rival Unilever penava para colocar a casa em ordem, mas como uma empresa de capital aberto, sujeita as pressões do mercado, o que acaba valendo mesmo é quanto lucro a empresa dá por trimestre e qual a perspectiva de crescimento da companhia. Por isso, o mercado está exigindo ações mais enérgicas da empresa.

Um texto assinado pela analista da Euromonitor, Oru Mohiuddin, lança luz sobre algumas possibilidades que a P&G poderia adotar para melhorar a sua performance. Na visão de Mohiuddin, o maior problema da P&G é a falta de sinergia entre os diversos segmentos de atuação da empresa, um problema já enfrentado pela concorrência. “O objetivo da Unilever é conseguir mais profundida nas categorias em que atua e obter mais espaço nas gôndolas dos supermercados cobrindo vários posicionamentos de preço e sub-categorias”, diz o relatório da analista, citando o portfólio de cuidados com os cabelos da empresa. “Alinhando o seu foco em categorias presentes nos supermercados, a Unilever fortalece a sua presença no canal e obtém sinergias de distribuição importantes”.

Na outra ponta, Oru Mohiuddin acredita que a francesa L´Oréal, por se dedicar exclusivamente aos negócios de beleza, tem mais foco e capacidade de P&D e inovação. Isso porque a empresa pode desenvolver tecnologias que são usadas em suas marcas de luxo, como Lancôme, e depois vão sendo agregadas as marcas de dermocosméticos e mass market, como L´Oréal Paris, o que dilui os custos e, ao mesmo tempo, eleva o padrão de inovação dos mercados de massa.

Para ela, uma alternativa poderia ser a venda dos negócios de perfumaria premium e maquiagem da companhia. A analista lembra que a Unilever abriu mão do seu negócio de perfumaria premium em 2004, para obter sinergias utilizando plataformas de distribuição comuns a toda a empresa. Mas essa não é, nem de longe, uma decisão tão óbvia. O negócio de perfumaria premium gera apenas 6% das vendas da categoria de beleza e cuidados pessoais da P&G. Mesmo que ainda “pequeno”, trata-se um negócio com vendas estimadas em US$ 1,2 bilhão e licenças poderosas como Gucci, Hugo Boss e Dolce & Gabanna. Para esta última, a empresa está construindo um negócio de maquiagem, com grande potencial de crescimento a médio e longo prazo. Além disso, a marca de skincare SK-II, que se tornou a mais nova marca “bilionária” da P&G, está sob o guarda-chuva da divisão, o que eleva a participação da P&G Prestige para um montante superior a US$ 2 bilhões.

Já no caso dos negócios de maquiagem, a principal marca da empresa, Cover Girl, é um negócio que roda basicamente nos Estados Unidos, onde é uma das marcas líderes, e também responde por 6% das vendas da divisão. Nesse caso,  a analista da Euromonitor sustenta que a companhia poderia abrir mão do seu negócio na categoria e centrar esforços no negócio de Skincare, que responde por 10% das vendas e, conta com outra marca bilionária e reconhecida globalmente: Olay. “Embora a P&G lance uma série de novos produtos, ela tem sido incapaz de manter o mesmo ritmo de inovação, com dificuldades para equilibrar os recursos de P & D por todo o seu portfólio bastante diversificado, que vai de lavanderia, lâminas, higiene oral e cuidados com a pele. Consequentemente, Olay viu sua participação de EUA perder 0,9 pontos percentuais em 2012, enquanto L'Oréal Paris ganhou 0,3 pontos percentuais. Da mesma forma, a participação da Olay em cuidados faciais na China, mercado que deve impulsionar o crescimento absoluto da categoria de cuidadoscom a pele no mundo, e onde Olay é a marca líder, caiu 0,6 pontos percentuais em comparação com um ganho de 0,3 pontos percentuais da marca francesa”, finaliza. No Brasil, desde dezembro de 2012, a marca Olay não é mais distribuida pela empresa, que direcionou o negócio para um distribuidor, pouco mais de dois anos depois de ter introduzido a marca no Brasil.



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