Clássicos da perfumaria - Youth Dew: novo e vintage

Ao completar 60 anos em 2013, a fragrância Youth Dew, divisora de águas da Estée Lauder, continua mais estimulante do que nunca

 
Em 2013, Youth Dew, a primeira fragrância da Estée Lauder, celebra seu 60º aniversário. Originalmente concebida como um óleo perfumado de banho, ela continua sendo a “Imperatriz” entre os perfumes da  Lauder, vendendo muito bem, apesar de sua sexagenária história. Seu perfume é tão rico e grandioso, que se você só o experimentar a cada dez anos, mesmo assim irá reconhecê-lo.

As fragrâncias da grife sempre contêm quantidades suntuosas de óleo perfumado, mas em nenhuma delas isso é ilustrado tão claramente quanto em Youth Dew, cuja dosagem de 30% deixava um brilho na pele toda vez que ela é aplicada. Pelos parâmetros atuais, Youth Dew é um perfume retrô, da mesma forma que o Opium, de Yves Saint-Laurent. Ambos são densamente temperados com notas orientais que não são mais tendência. E, tal como acontece com Opium, Youth Dew é uma fragrância loucamente madura com nuances de laranja e aldeídos que explodem sobre o seu coração de cravo e canela.

Sua descrição olfativa dá conta de que em sua composição entram notas de bergamota, pêssego, aldeídos, cravo, canela, mimosa, rosa, ylang-ylang, orquídea, jasmim, incenso, âmbar, baunilha, tolu, benjoim, musgo de carvalho, almíscar, patchouli e vetiver. Mas o perfume é tão eloquente, que é preciso se esforçar para percebê-las. É quase como se elas fossam ricas demais para apenas serem cheiradas. A rigor, Youth Dew é um oriental especiado, cuja criação é devida à uma das primeiras grandes perfumistas da história, Josephine Catapano, da IFF, que também trouxe ao mundo a delicadeza floral amadeirada de Zen (Shiseido, 1964) e da paradisíaca Fidji (Guy La Roche, 1966). Ela é frequentemente mencionada como mentora da perfumista Sophia Grojsman.

O perfume certo, na hora certa
O lançamento de Youth Dew foi um divisor de águas para a Estée Lauder. Até dez anos antes de seu lançamento, a empresa se esforçava muito paraa vender seus cosméticos. E estava conseguindo isso lentamente, entrando em novas lojas por todos os Estados Unidos, colocando seus cremes nas melhores lojas de departamento, tornando-se conhecida de uma forma até tímida.

Então, em 1953, veio Youth Dew. Ele foi para a Estée Lauder o que La Rose Jacqueminot foi para François Coty: o produto que abriu as portas para um novo universo à companhia. De repente, o dinheiro começou a entrar como nunca havia acontecido antes. E, assim, a Sra. Lauder e sua família entraram na “estrada dos tijolos amarelos”, que as conduziria à riqueza.

Criado como um óleo de banho que podia ser utilizado como perfume, ele foi colocado de lado por muitos, como um produto sem graça. Mas, no caminho inverso, muito mais gente passou a comprá-lo, por acreditar que ele era o perfume certo, na hora certa, pelo preço certo. Na verdade, para as mulheres, Youth Dew representou uma oportunidade para comprar um perfume com o preço de um óleo de banho.

A história de Youth Dew é contada por Lee Israel em seu livro “Estée Lauder: Além da Magia”. Dez anos depois do nascimento do perfume, a Sra. Lauder iniciou uma amizade com Arnold Lewis Van Ameringen, cujo grupo de companhias foi consolidado sob a chancela da International Flavors & Fragrances (IFF), transformando-se logo numa da casa de fragrâncias de enorme sucesso. No livro, a escritora dá a entender que o Youth Dew foi um presente de Arnold para a Sra. Lauder. E junto com o presente veio o apoio financeiro na forma de uma extensão do crédito. E o resto é história. Com o suporte do talento pessoal da Sra. Lauder para as vendas, Youth Dew não só decolou, como abalou.
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